12 de dezembro de 2005

O valor da pedra


Desde sempre a pedra, por ser muito abundante na nossa Ilha, foi aproveitada para delimitar terrenos, fazer abrigos para pessoas e culturas e na construção de edifícios públicos e particulares, de espaços de lazer e monumentos.

Rapidamente a técnica de trabalhar a pedra, de a moldar ás exigências estéticas de cada época, se tornou numa arte espelhada um pouco por toda a ilha e que, infelizmente, está com tendência a acabar, conforme se foram e se vão retirando da vida activa os artífices que construíram verdadeiras belezas. Neste momento já restam muito poucos e o futuro não augura nada de bom nesta área.

Dar um passeio pela ilha, sobretudo pelas zonas urbanas, é um exercício para os sentidos. As cantarias das moradias, os passeios, os muros, os bebedouros, os bancos, as fontes e a calçada portuguesa, constituem um rico património que, apesar de tudo, tem sido preservado minimamente, devido a campanhas de sensibilização iniciadas no período pós sismo de 1980. Creio que cada vez mais se está a dar importância à preservação do nosso património construído, porque também há a consciência que esta riqueza deixada pelos nossos antepassados, junto com o património natural, constituem dois pilares fundamentais e de inegável valor para a projecção da Ilha Graciosa no mercado do turismo, tanto o interno como o externo.

O aumento dos níveis de conforto verificado nos últimos anos tem, no entanto, obrigado a demolições de casas antigas e as ricas pedras trabalhadas que as compunham tem sido, muitas vezes, enterradas e até mesmo enviadas para o mar. Por outro lado também se tem assistido a autênticas aberrações, como sejam a destruição de passeios em nome de maior eficácia e a sistemática substituição sem critérios de harmonia de pedra pelo cimento.

Acho que o respeito que os nossos antepassados nos merecem, obriga a manter uma vigilância activa para evitar a delapidação do património que herdamos.

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